Sob um forte sol, indígenas de 17 etnias caminharam pela BA 001, no último domingo (24), na 23ª edição da Peregrinação Tupinambá, em Ilhéus, Bahia. 

A caminhada, que ocorre desde o ano 2000, é uma forma de homenagear os indígenas assassinados em 1959. Desde então, eles fazem um percurso de aproximadamente 6 km, de Olivença até o Cururupe. De acordo com os historiadores, o massacre conhecido como Batalha dos Nadadores foi um movimento que ocorreu no Rio Cururupe, liderado pelo governador da Bahia, Mem de Sá. Durante o conflito, os corpos dos índios tupinambá mortos foram expostos por cerca de 9 Km na estrada do litoral Sul. 

O cacique Ramon Tupinambá considera o ato político como uma forma de fortalecer a cultura dos povos indígenas e seguir com a missão de vida. “A caminhada é um ritual. Uma forma de manter viva a memória sobre o massacre, para passarmos de geração em geração”, concluiu. Já a primeira cacique do povo Tupinambá, Maria Valdenice Jamopoti, disse que a caminhada fortalece também os movimentos sociais e agradeceu em memória à força e resistência do povo Tupinambá, “toda nossa história está escondida nos livros. Nós buscamos referências nos nossos antecessores”.

Outra questão abordada pelos Tupinambás, é que o evento tem sido uma forma de reivindicar o direito às terras, além de questionar sobre a falta de acesso às políticas públicas na educação, saúde e moradia.

Claudio Magalhães é o primeiro vereador indígena do município e pontuou sobre o Marco Temporal, que este ano se tornou ainda mais especial, porque o Supremo Tribunal Federal (STF) votou contra a tese. Ele afirmou: “O marco temporal caiu e foi uma derrota que mostra que o supremo quer que a constituição seja cumprida”.

Cacique Ramon ressaltou: “a gente faz esse ritual aqui na praça em Olivença e segue em caminhada ao Cururpe. No rio, nós encerramos com um bate-papo e um momento de reflexão”.

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