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Construtora nega acusações sobre trabalho análogo à escravidão em fábrica da BYD

Construtora nega acusações sobre trabalho análogo à escravidão em fábrica da BYD

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A Jinjang Construction Brazil Ltda, construtora terceirizada responsável pelos trabalhadores chineses resgatados em condições análogas à escravidão na fábrica da BYD em Camaçari (BA), afirmou que as acusações são "inconsistentes com os fatos".

O caso veio à tona após a denúncia ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que culminou no resgate de 163 trabalhadores chineses. A equipe de auditores fiscais do MTE identificou diversas irregularidades nos alojamentos fornecidos pela empresa terceirizada, que presta serviços para a indústria automobilística.

Os trabalhadores estavam distribuídos em quatro alojamentos principais, que foram interditados devido às condições degradantes. Entre as irregularidades constatadas, estavam:

  • Camas sem colchões ou com revestimentos inadequados;
  • Ausência de armários;
  • Itens pessoais armazenados junto com alimentos;
  • Banheiros insuficientes e precários, com casos de até 31 pessoas compartilhando um único banheiro.

Além disso, foi identificado um refeitório sem condições mínimas de higiene, banheiros químicos em péssimo estado e insuficientes, exposição prolongada ao sol sem proteção e jornadas exaustivas que resultaram em acidentes. Exemplos incluem:

  • Um trabalhador sofreu acidente ocular sem atendimento oftalmológico adequado;
  • Outro relatou um acidente relacionado à privação de sono, causada por longas jornadas de trabalho.

Segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), foram encontrados indícios de trabalho forçado, como:

  • Pagamento de caução pelos trabalhadores;
  • Retenção de 60% dos salários, com pagamento de apenas 40% em moeda chinesa;
  • Dificuldades para rescindir contratos e retenção de passaportes, o que impedia o retorno ao país de origem.

Os auditores também relataram jornadas diárias de 10 horas, folgas irregulares e condições de descanso inadequadas, como dormir sobre materiais de construção. Havia, ainda, restrições de movimento e contratos redigidos de forma complexa, dificultando a compreensão pelos trabalhadores.

Em nota, a BYD informou que rompeu o contrato com a Jinjang Construction e providenciou o alojamento dos 163 trabalhadores em hotéis da região. A empresa ressaltou que está colaborando com as autoridades na investigação do caso.

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